Olá Melhores,
A convidada de hoje é Giselle da Silva Leal Krischnegg, jornalista (SC 3317 JP), de 34 anos que fala sobre plus size, a profundidade do tema e, principalmente, nos dá exemplo de que toda mulher pode ser linda, basta valorizar o que tem de melhor, pois a beleza são como as flores, embora de cores e tamanhos diferentes, todas são lindas e únicas.
Certamente você vai se identificar com o artigo ou conhecer alguém que já possou isso, então aproveite a leitura e recomende para pessoas a quem você acha que possa ser útil.
A Giselle é também escreve para uma revista e é super acessível, então caso você tenha alguma dúvida ou simplesmente queira conversar sobre situações ou compartilhar histórias pode adicioná-la.
Preconceito se ensina, dizia Mandela
Dia desses me deparei com uma propaganda das lojas Renner, na qual
mostrava uma modelo plus size retirando uma saída de praia e correndo para o
mar. Depois de passar por várias situações desagradáveis, consegui sentir
satisfação em ver que o mercado da moda está se abrindo e percebeu que as
pessoas gordas também vestem roupas, assim como as muito magras, as altas, as
baixas, enfim, qualquer pessoa que não está dentro do padrão tradicional da
moda, quer se sentir bem, vestindo-se adequadamente e sentindo-se bem.
Enfim, porque estou falando sobre isto? Simplesmente porque até pouco
mais de dois anos atrás nem se ouvia falar em modelo plus size? Afinal, o que
este termo significa? Plus size quer dizer tamanho maior. No caso da indústria
da moda, enquadram-se ao termo as pessoas que usam manequim a partir de 42. No
Brasil, o termo se aplica a partir do tamanho 44.
Mas o que é uma modelo plus size
mesmo? Uma mulher muito bonita que possui uns quilinhos a mais, em comparação
às modelos tradicionais, sempre muito magras, muitas das quais passam
verdadeiros sacrifícios para manterem tal forma física.
E porque isto é relevante? Porque isso denota que até mesmo um mercado
extremamente restrito como o da moda está se abrindo, se diversificando, sendo
democratizado! E moda é algo realmente importante para a sociedade? Como eu já
citei anteriormente, todos querem sentir-se bem, e a vestimenta é algo que faz
parte do conforto da qual dispõem os seres humanos. Neste caso, vestir-se bem,
independente do tamanho que se use, também está associado à auto-estima,
aceitação social, etc.
No auge dos meus 85 quilos eu percebi como é difícil a tarefa de comprar
uma roupa em uma loja comum na cidade aonde vivo, Itajaí – SC. Bem como em
várias cidades vizinhas. É claro que posso dizer que recentemente a situação
melhorou bastante, mas ainda há muito que ser feito. Muitas lojas não possuem
roupas em tamanhos a partir do G. E antes que qualquer pessoa me pergunte
porque eu não emagreço, ou coisas do gênero, quero explicar de antemão que não
possuo nenhum problema de saúde. Sou perfeitamente saudável, mas gosto de comer
o que eu quiser sem ficar sofrendo restrições. Não posso dizer que como pouco,
mas também não côo excessivamente, apenas não gosto de me privar de comer um
docinho eventualmente e acredito que a saúde seja o elemento mais importante,
e, sendo assim, neste caso, posso afirmar que sou feliz como sou.
Aliás, na história da minha vida, as vezes em que fiquei mais doente
foram as vezes que tentei manter um padrão que não condiz com a minha estrutura
física, fazendo dietas mirabolantes de todos os tipos, inclusive com acompanhamento
de nutrólogos e endocrinologistas, usando medicamentos anorexígenos como
femproporex, anfepramona e sibutramina. Tive problemas de imunidade
(leucopenia), crises de ansiedade e até síndrome do pânico em conseqüência do
uso desses medicamentos (repito, com acompanhamento médico)...
Hoje sou uma mulher mais feliz, me aceito como sou e até iniciei uma
dieta leve, sem medicamentos, e voltei a fazer atividades físicas, mas sem o
objetivo de ficar magrela, pois, como eu já disse, pra mim o que importa é a
saúde. Eu poderia discorrer aqui sobre o como me senti ao ser chamada de
“baleia” por um menino que tinha uma considerável barriga de chopp em uma
balada, mas, sinceramente, atitudes como essa só me deixam com pena da pessoa
que a tomou, pois é tão pobre de espírito, incapaz de conviver em sociedade sem
agredir alguém, incapaz de entender as diferenças (apesar de, como eu disse,
ele era gordinho, então não era tão diferente assim, mas eu, sendo mulher, não
posso ter quilinhos a mais, um duplo preconceito).
Na dia 23 de outubro, as candidatas ao Miss SC Plus Size, grupo do qual
eu fiz parte, representando a minha cidade, participaram do evento Estrelas com
Champagne, famoso na sociedade de Joinville, que sediou o concurso. Ao nos ver
descer da van que nos levava, alguém na fila de entrada, falou em tom alto de
voz: “Só tem gordas aí!” Sabe o que fizemos em relação à pobreza de espírito
desta criatura? Rimos em uníssono! Pois é, a dispensável observação nem sequer
foi levada à sério...
Mas preconceito, na verdade, é
coisa séria! Nelson Mandela, grande figura política conhecido mundialmente por
sua luta contra o preconceito contra os negros na África do Sul, cuja morte,
que aconteceu no último dia 05 comoveu nações, uma vez disse: “Ninguém nasce
odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua
religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a
odiar, podem ser ensinadas a amar”. A frase pode ser aplicada ao preconceito
contra os gordos. As pessoas aprendem a odiar quando falam que estão feias porque
estão gordas...
Quando olham para uma pessoa gorda e falam para seus filhos: “Olha que
coisa mais feia, gorda!”... Feio é o preconceito! Portanto, talvez seja
importante que as pessoas comecem a ensinar a amar, ensinar a entender e
respeitar as diferenças. Aí talvez um dia todos sejam verdadeiramente
respeitados como são, como determina a nossa Constituição da República
Federativa do Brasil e a Declaração Universal de Direitos Humanos. Quem sabe
assim, teremos, verdadeiramente, um mundo melhor para viver! Eu faço a minha
parte, e você?
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