terça-feira, 17 de dezembro de 2013

EU MELHOR APRENDENDO SOBRE PLUS SIZE


Olá Melhores,

A convidada de hoje é Giselle da Silva Leal Krischnegg, jornalista (SC 3317 JP), de 34 anos que fala sobre plus size, a profundidade do tema e, principalmente, nos dá exemplo de que toda mulher pode ser linda, basta valorizar o que tem de melhor, pois a beleza são como as flores, embora de cores e tamanhos diferentes, todas são lindas e únicas. 

Certamente você vai se identificar com o artigo ou conhecer alguém que já possou isso, então aproveite a leitura e recomende para pessoas a quem você acha que possa ser útil.

A Giselle é também escreve para uma revista e é super acessível, então caso você tenha alguma dúvida ou simplesmente queira conversar sobre situações ou compartilhar  histórias pode adicioná-la.

                  Um big beijo EU MELHOR....    


Preconceito se ensina, dizia Mandela


Dia desses me deparei com uma propaganda das lojas Renner, na qual mostrava uma modelo plus size retirando uma saída de praia e correndo para o mar. Depois de passar por várias situações desagradáveis, consegui sentir satisfação em ver que o mercado da moda está se abrindo e percebeu que as pessoas gordas também vestem roupas, assim como as muito magras, as altas, as baixas, enfim, qualquer pessoa que não está dentro do padrão tradicional da moda, quer se sentir bem, vestindo-se adequadamente e sentindo-se bem.

Enfim, porque estou falando sobre isto? Simplesmente porque até pouco mais de dois anos atrás nem se ouvia falar em modelo plus size? Afinal, o que este termo significa? Plus size quer dizer tamanho maior. No caso da indústria da moda, enquadram-se ao termo as pessoas que usam manequim a partir de 42. No Brasil, o termo se aplica a partir do tamanho 44.

Mas o que é uma modelo plus size mesmo? Uma mulher muito bonita que possui uns quilinhos a mais, em comparação às modelos tradicionais, sempre muito magras, muitas das quais passam verdadeiros sacrifícios para manterem tal forma física.



E porque isto é relevante? Porque isso denota que até mesmo um mercado extremamente restrito como o da moda está se abrindo, se diversificando, sendo democratizado! E moda é algo realmente importante para a sociedade? Como eu já citei anteriormente, todos querem sentir-se bem, e a vestimenta é algo que faz parte do conforto da qual dispõem os seres humanos. Neste caso, vestir-se bem, independente do tamanho que se use, também está associado à auto-estima, aceitação social, etc.

No auge dos meus 85 quilos eu percebi como é difícil a tarefa de comprar uma roupa em uma loja comum na cidade aonde vivo, Itajaí – SC. Bem como em várias cidades vizinhas. É claro que posso dizer que recentemente a situação melhorou bastante, mas ainda há muito que ser feito. Muitas lojas não possuem roupas em tamanhos a partir do G. E antes que qualquer pessoa me pergunte porque eu não emagreço, ou coisas do gênero, quero explicar de antemão que não possuo nenhum problema de saúde. Sou perfeitamente saudável, mas gosto de comer o que eu quiser sem ficar sofrendo restrições. Não posso dizer que como pouco, mas também não côo excessivamente, apenas não gosto de me privar de comer um docinho eventualmente e acredito que a saúde seja o elemento mais importante, e, sendo assim, neste caso, posso afirmar que sou feliz como sou.

Aliás, na história da minha vida, as vezes em que fiquei mais doente foram as vezes que tentei manter um padrão que não condiz com a minha estrutura física, fazendo dietas mirabolantes de todos os tipos, inclusive com acompanhamento de nutrólogos e endocrinologistas, usando medicamentos anorexígenos como femproporex, anfepramona e sibutramina. Tive problemas de imunidade (leucopenia), crises de ansiedade e até síndrome do pânico em conseqüência do uso desses medicamentos (repito, com acompanhamento médico)...

Hoje sou uma mulher mais feliz, me aceito como sou e até iniciei uma dieta leve, sem medicamentos, e voltei a fazer atividades físicas, mas sem o objetivo de ficar magrela, pois, como eu já disse, pra mim o que importa é a saúde. Eu poderia discorrer aqui sobre o como me senti ao ser chamada de “baleia” por um menino que tinha uma considerável barriga de chopp em uma balada, mas, sinceramente, atitudes como essa só me deixam com pena da pessoa que a tomou, pois é tão pobre de espírito, incapaz de conviver em sociedade sem agredir alguém, incapaz de entender as diferenças (apesar de, como eu disse, ele era gordinho, então não era tão diferente assim, mas eu, sendo mulher, não posso ter quilinhos a mais, um duplo preconceito).


Na dia 23 de outubro, as candidatas ao Miss SC Plus Size, grupo do qual eu fiz parte, representando a minha cidade, participaram do evento Estrelas com Champagne, famoso na sociedade de Joinville, que sediou o concurso. Ao nos ver descer da van que nos levava, alguém na fila de entrada, falou em tom alto de voz: “Só tem gordas aí!” Sabe o que fizemos em relação à pobreza de espírito desta criatura? Rimos em uníssono! Pois é, a dispensável observação nem sequer foi levada à sério...


Mas preconceito, na verdade, é coisa séria! Nelson Mandela, grande figura política conhecido mundialmente por sua luta contra o preconceito contra os negros na África do Sul, cuja morte, que aconteceu no último dia 05 comoveu nações, uma vez disse: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. A frase pode ser aplicada ao preconceito contra os gordos. As pessoas aprendem a odiar quando falam que estão feias porque estão gordas...

Quando olham para uma pessoa gorda e falam para seus filhos: “Olha que coisa mais feia, gorda!”... Feio é o preconceito! Portanto, talvez seja importante que as pessoas comecem a ensinar a amar, ensinar a entender e respeitar as diferenças. Aí talvez um dia todos sejam verdadeiramente respeitados como são, como determina a nossa Constituição da República Federativa do Brasil e a Declaração Universal de Direitos Humanos. Quem sabe assim, teremos, verdadeiramente, um mundo melhor para viver! Eu faço a minha parte, e você?